Olá
Netinhas!
Andei
sumida né?
Fui
viajar para curtir e papear um pouco com as amigas.
Nessa
viagem eu acabei conhecendo um casal que está com sérios problemas na sua
relação e temo que ela não vá durar muito. O que é uma pena!
Não sei
identificar o real problema deles, são brigas por coisas tão mesquinhas, tão
bobas, coisas tão pequenas que abrem feridas tão profundas na alma...
Foi
pequeno meu contato com este casal, mas pude perceber que ambos ainda são muito
imaturos para viver esta relação que acabou acontecendo sem que eles pensassem
muito. A imaturidade no amor nada tem haver com a idade de uma pessoa, mas sim
com as experiências que passou na vida e o quanto cresceu com cada uma. Sempre
achei que para viver um grande amor você deve se sentir merecedor e preparado
para ele. Ontem, lendo um livro do Artur da Távola, me deparei com o texto
abaixo que gostaria de dividir com vocês e quem sabe causar um minuto de
reflexão em alguns casais que talvez precisem amadurecer.
O Amor
Maduro
O amor maduro não é menor em intensidade. Ele é apenas quase
silencioso. Não é menor em extensão. É mais definido, colorido e poetizado. Não
carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento. Não precisa de
presenças exigidas: amplia-se com as ausências significantes.
O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo. Mas vive de
problemas da felicidade. Problemas da felicidade são formas trabalhosas de
construir o bem e o prazer. Problemas da infelicidade não interessam ao amor
maduro.
Na felicidade está o encontro de peles, o ficar com o gosto da boca e
do cheiro, está a compreensão interior, a emoção vivida em conjunto, os
discursos silenciosos da percepção, o prazer de conviver, o equilíbrio de carne
e espírito. Carne intensa, alegre, criança, redescobrimento das melhores
dimensões pessoais e alma refeita, abastecida de todas as proteções
necessárias, um enorme empório de afinidades acima e além de meras
concordâncias intelectuais. Os problemas daí derivados são os problemas da
felicidade. Problemas, sim, alguns graves. Mas estalantes de um sentimento bom.
Na infelicidade estão a agressão, o desamor, o não conseguir, a
rejeição, a dor, o cansaço, a troca com perda, a obrigação, o cansaço, o tédio,
o desencontro, o insulto, o ciúme machucante, as futricas de famílias, as peles
se eriçando e os toques que dão susto. Os problemas da infelicidade não devem
ser trazidos para a trama do amor maduro. O amor maduro é sólido e definido.
Mas estranhamente se recolhe quando invadido pelos problemas da infelicidade
que fazem glória ao amor imaturo. Acaba acabando.
O amor maduro não disputa, não cobra, pouco pergunta, menos quer
saber. Teme, sim. Porém não faz do temor argumento. Basta-se com a própria
existência. Alimenta-se do instante presente valorizado e importante porque
redentor de todos os equívocos do passado. O amor maduro é regeneração de cada
erro. Ele é filho da capacidade de crer e continuar. É o sentimento que se
manteve mais forte depois de todas as ameaças, guerras ou inundações
existenciais com epidemias de ciúme, controle ou agressividade.
O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a
parte de cada pessoa. Ele vive do que não morreu mesmo tendo ficado para
depois. Vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos antigos,
jardins abandonados cheios de semente. Ele não pede, tem. Não reivindica,
consegue. Não persegue, recebe. Não exige, dá. Não pergunta, adivinha. Existe,
para fazer feliz. Só teme o que cansa, machuca ou desgasta.
O amor maduro não precisa de armaduras, coices, cargos, iluminuras,
enfeites, papel de presente, flâmulas, hinos, discursos ou medalhas: vive de
uma percepção tranquila da essência do outro. Deixa escapar a carência sem que
ela pareça paupérrima. Demonstra uma dependência sem que ela se manifeste humilhante.
O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão.
Basta-se com o todo do pouco. Não precisa nem quer nada do muito. Está
relacionado com a vida e sua incompletude, por isso é pleno em cada ninharia
por ele transformada em paraíso. É feito de compreensão, música e mistério. É a
forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança.
É o sol de outono: nítido, mas doce. Luminoso, sem ofuscar. Suave, mas
definido. Discreto, mas certo.
Um sol, que aquece até queimar.
(Trecho
do livro: Do Amor, Ensaio de Enigma – Artur da Távola)
Foto: we heart it
0 comentários:
Postar um comentário